A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: DA DEMOCRATIZAÇÃO DA MODA AO TRABALHO ESCRAVO (POR DANIELE LEITE)
Revolução Industrial foi o marco para os avanços
tecnológicos na produção têxtil e de vestuário.
A América colonial importava a maioria dos seus materiais. A seda vinha
da Itália, França, Índia e China. A lã, o algodão e o famoso cashmere, que nos
deixa quentinhos no inverno, vinham da Grã-Bretanha.
INVENÇÕES PODEROSAS
Algumas invenções revolucionaram a indústria têxtil moderna. A lançadeira de John Kay (1773); a fiadeira mecânica, também conhecida como Spinning Jenny, criação de James Hargreaves (1764); A Water Frame, ou máquina de fiar hidráulica criada por Richard Arkwright (1769); e o tear mecânico de Edmund Cartwright (1785). Todas essas invenções tiveram seu berço na Inglaterra, que para garantir seu domínio no setor, aprovou leis muito rígidas com a finalidade de impedir que máquinas, projetos, inventores e até funcionários deixassem o país e revelassem os segredos. Apesar de todo o esforço, um espertinho, Samuel Slater, memorizou cada detalhe da máquina de fiar hidráulica e não somente dela, mas também de outras máquinas. Ele conseguiu sair da Inglaterra secretamente e dois anos depois, na Nova Inglaterra montou sua fábrica de tecidos, a Textile Mills que começou a produzir tecidos nos Estados Unidos fazendo da Nova Inglaterra o primeiro centro têxtil do país.
Algumas invenções revolucionaram a indústria têxtil moderna. A lançadeira de John Kay (1773); a fiadeira mecânica, também conhecida como Spinning Jenny, criação de James Hargreaves (1764); A Water Frame, ou máquina de fiar hidráulica criada por Richard Arkwright (1769); e o tear mecânico de Edmund Cartwright (1785). Todas essas invenções tiveram seu berço na Inglaterra, que para garantir seu domínio no setor, aprovou leis muito rígidas com a finalidade de impedir que máquinas, projetos, inventores e até funcionários deixassem o país e revelassem os segredos. Apesar de todo o esforço, um espertinho, Samuel Slater, memorizou cada detalhe da máquina de fiar hidráulica e não somente dela, mas também de outras máquinas. Ele conseguiu sair da Inglaterra secretamente e dois anos depois, na Nova Inglaterra montou sua fábrica de tecidos, a Textile Mills que começou a produzir tecidos nos Estados Unidos fazendo da Nova Inglaterra o primeiro centro têxtil do país.
A MODA COMO STATUS
Com o crescimento da classe média, que esbanjava dinheiro,
incluindo roupas caras , de alta qualidade; a moda se transformou em um símbolo
de status, ou seja, um forma aparente de mostrar riqueza e poder.
A DEMOCRATIZAÇÃO DA
MODA
A moda, como já vimos, não era para todos. Apenas os ricos
podiam realmente usar as melhores roupas, com os melhores cortes e tecidos. Com
a invenção da máquina de costura, o que era artesanato passou a ser indústria e
a produção de roupas em massa tornou a moda mais acessível. A patente da
máquina de costura não foi dada ao seu criador, o americano Walter Hunt. Quem
recebe o crédito de tal invenção é Elias Howe, que conseguiu e patente em 1846.
As máquinas de Howe eram operadas à mão. Fico imaginando como deveria ser
cansativo utilizá-la.
A IDEIA DE SINGER
Em 1859, Isaac Singer acrescentou um pedal às máquinas (ideia genial). Assim, o usuário teria as mãos livres para guiar o tecido. Singer tornou-se mundialmente conhecido. Singer gastava US$ 1 milhão por ano em promoção de vendas , chegando a produzir, em 1867 cerca de mil máquinas por dia.
Em 1859, Isaac Singer acrescentou um pedal às máquinas (ideia genial). Assim, o usuário teria as mãos livres para guiar o tecido. Singer tornou-se mundialmente conhecido. Singer gastava US$ 1 milhão por ano em promoção de vendas , chegando a produzir, em 1867 cerca de mil máquinas por dia.
AS PRIMEIRAS LOJAS DE
DEPARTAMENTO
Edifício Lord & Taylor - 424-434 Fifth Avenue, Midtown, Manhattan, New York City, New York, United States
Em 1826, Samuel Lord e George Washington Taylor formaram uma
sociedade que resultou na primeira loja de departamento de Nova York. No século
XIX também teve início o serviço de atendimento ao cliente. Em Chicago, o
empresário Marshall Field repreendeu um funcionário da loja que discutia com
uma cliente e disse:
“ Dê à senhora o que ela quer”. Desde então, o jargão “O cliente
sempre tem razão” tem sido um dos princípios do varejo americano.
Mas nem tudo são flores. O regime de trabalho nas fábricas
era intenso, para não dizer desumano. Vejamos alguns depoimentos:
“Eu tive frequentes oportunidades de ver pessoas saindo das
fábricas e ocasionalmente as atendi como pacientes. No último verão eu visitei
três fábricas de algodão com o Dr. Clough, da cidade de Preston, e com o sr.
Barker, de Manchester e nós não pudemos ficar mais do que dez minutos na
fábrica sem arfar (ficar sem ar) para respirar. Como é possível para aquelas
pessoas que ficam lá por doze ou quinze horas aguentar essa situação? Se
levarmos em conta a alta temperatura e também a contaminação do ar; é alguma
coisa que me surpreende: como os trabalhadores aguentam o confinamento por
tanto tempo.
(O Dr. Ward, de
Manchester, foi entrevistado a respeito da saúde dos trabalhadores do setor
têxtil em março de 1919)
“Quando eu tinha sete anos de idade fui trabalhar na fábrica
do Sr. Marshall em Shrewsbury. Se uma criança se mostrasse sonolenta o
responsável pelo turno a chamava e dizia, “venha aqui”. Num canto da sala havia
uma cisterna de ferro cheia de água. Ele pegava a criança pelas pernas e a
mergulhava na cisterna para depois manda-la de volta ao trabalho. ”
(Jonathan Downe foi
entrevistado por um representante do parlamento britânico em junho de 1832)
“A tarefa que inicialmente foi dada a Robert Blincoe era a
de pegar o algodão que caía no chão. Aparentemente nada poderia ser mais fácil....
Mesmo assim ele ficava apavorado pelo movimento das máquinas e pelo barulho dos
motores. Ele também não gostava da poeira e do cano que soltava fumaça, pois
acabava se sentindo sufocado. Ele logo ficou doente e em virtude disso constantemente
parava de trabalhar porque suas costas doíam. Isso motivou Blincoe a se sentar;
mas essa atitude, ele logo descobriu, era proibida nos moinhos.”
(As experiências
vividas por John Brown numa fábrica de tecidos foram publicadas num artigo do jornal
The Lion)
O TRABALHO ESCRAVO
HOJE NA INDÚSTRIA TÊXTIL
Hoje,
embora existam direitos para os trabalhadores, muitas
empresas ainda operam na clandestinidade. Nos últimos anos foi
descoberto que
os setores econômicos utilizam mão de obra escrava de imigrantes
oriundos de
países vizinhos da América Latina, como a Bolívia. Em São Paulo, são
muitos os
imigrantes bolivianos que trabalham, em fábricas clandestinas, em regime
de
escravidão. As instalações são sujam e os trabalhadores vivem
aglomerados disputando um espaço pequeno, muitas vezes sem qualquer
higiene.
A competição com os produtos chineses, que fornecem
mercadorias a preços muito baixos, tem fomentado essa prática no Brasil.
Entre os escândalos envolvendo empresas brasileiras está a
Renner, cuja a produção de roupas era intermediada por duas empresas
fornecedoras da rede varejista que mantinham os trabalhadores em regime análogo
à escravidão. A Renner deveria contratar
fornecedores que tivessem condições de tocar a produção. No entendimento das
autoridades, a Renner sabia que que a produção seria terceirizada. Tanto é que
a confecção terceirizada costurava roupas para as linhas Cortelle, Blue Steel,
Blue Steel Urban e Just Be, todas da Renner.
As grifes Zara e Gregory também estão na mira das autoridades. Ano passado, segundo matéria veiculada no site da UOL, O MPF (Ministério Público Federal) denunciou à justiça Federal de Americana (SP) quatro pessoas que mantinham trabalhadores em condições análogas à escravidão. Dos 51 trabalhadores encontrados, 49 eram bolivianos. Trabalhavam 14 horas por dia e recebiam entre R$0,12 e R$0,20 por peça. Agora imagina o quanto você paga por uma calça da Zara, caríssima, e o trabalhador que a produziu se matou por R$0,12 . Mas você poderia me dizer que ele ganhou só isso porque deve ter costurado um bolso...Mesmo assim! Onde estão do direitos trabalhistas? 14 horas por dia de trabalho! Os trabalhadores ainda permaneciam três meses sem receber, com a justificativa de cobrir os custos da viagem. Os portões do alojamento onde ficavam eram mantidos fechados com cadeado. A denúncia também apontou más condições de higiene.
As empresas sempre vão ter uma desculpa de que não sabiam de tal situação ou coisa assim. Mas é dever delas fiscalizar seus fornecedores e garantir que a mercadoria produzida foi feita dentro de um padrão ético e justo.
CONSUMA COM SABEDORIA
As grifes Zara e Gregory também estão na mira das autoridades. Ano passado, segundo matéria veiculada no site da UOL, O MPF (Ministério Público Federal) denunciou à justiça Federal de Americana (SP) quatro pessoas que mantinham trabalhadores em condições análogas à escravidão. Dos 51 trabalhadores encontrados, 49 eram bolivianos. Trabalhavam 14 horas por dia e recebiam entre R$0,12 e R$0,20 por peça. Agora imagina o quanto você paga por uma calça da Zara, caríssima, e o trabalhador que a produziu se matou por R$0,12 . Mas você poderia me dizer que ele ganhou só isso porque deve ter costurado um bolso...Mesmo assim! Onde estão do direitos trabalhistas? 14 horas por dia de trabalho! Os trabalhadores ainda permaneciam três meses sem receber, com a justificativa de cobrir os custos da viagem. Os portões do alojamento onde ficavam eram mantidos fechados com cadeado. A denúncia também apontou más condições de higiene.
As empresas sempre vão ter uma desculpa de que não sabiam de tal situação ou coisa assim. Mas é dever delas fiscalizar seus fornecedores e garantir que a mercadoria produzida foi feita dentro de um padrão ético e justo.
CONSUMA COM SABEDORIA
Bom, essa foi uma breve explanação de como o cenário da moda
mudou a partir da Revolução Industrial. As mudanças são positivas e negativas.
Se por um lado houve a democratização da moda, tornando-a mais acessível, por
outro, aumentou o número de trabalhadores em condições precárias, a diminuição
da qualidade dos produtos e a exploração do meio ambiente de forma desenfreada.
São questões para refletirmos. Devemos sempre pensar antes de consumir. Há
muito mais que aparência por trás de uma roupa. Não dá para saber de todos os
detalhes, mas uma vez conhecidos, que não compactuemos com quem não produz com
responsabilidade.
FRINGS, Ginis Stephens. Moda: do conceito ao consumidor. 9ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
SCHIAVONI, Eduardo. Confecção que atendia grifes famosas
usava trabalho escravo em SP, diz MPF. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/05/01/por-trabalho-escravo-mpf-denuncia-4-pessoas-de-confeccao-da-zara.htm>
Acesso : Junho 2015.
OJEDA, Igor. Fiscalização flagra exploração de trabalho
escravo na confecção de roupas da Renner. Disponível em: < http://reporterbrasil.org.br/2014/11/fiscalizacao-flagra-exploracao-de-trabalho-escravo-na-confeccao-de-roupas-da-renner/>
Acesso: Junho 2014.
FONTES DAS IMAGENS:
IMAGEM 01: https://erafundacional.wordpress.com/
IMAGEM 02:
IMAGEM 04: http://reporterbrasil.org.br
IMAGEM 05: http://noticias.uol.com.br
FONTES DAS IMAGENS:
IMAGEM 01: https://erafundacional.wordpress.com/
IMAGEM 02:
IMAGEM 04: http://reporterbrasil.org.br
IMAGEM 05: http://noticias.uol.com.br
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE : www.baudadani.com